Papiros Mágicos Gregos

Greek Magical Papyri

Descrição

Os Greek Magical Papyri (em latim: Papyri Graecae Magicae, ou PGM) são uma vasta coleção de manuscritos mágicos da Antiguidade, datados principalmente entre os séculos II a.C. e V d.C., escritos em grego, demótico egípcio, copta e latim, e encontrados principalmente no Egito romano. São uma das mais importantes e fascinantes fontes do mundo antigo sobre práticas mágicas, revelando um universo onde magia egípcia, grega, romana, judaica e até cristã primitiva se entrelaçam em um sistema de rituais, encantamentos, fórmulas e nomes de poder.

Mais do que simples feitiços ou superstições, os PGM representam um corpus de sabedoria esotérica e técnica ritual sofisticada, preservada por escribas, sacerdotes, magos e ocultistas da Antiguidade Tardia. Eles revelam como a magia era praticada de fato — não como um sistema idealizado, mas como uma prática viva, pragmática e profundamente espiritual, usada tanto para fins mundanos quanto para experiências místicas e teúrgicas.


Origem e Descoberta
• Local: Egito greco-romano, especialmente Tebas e Hermópolis
• Datação: Séculos II a.C. até o V d.C.
• Linguagem: Grego koiné (principal), com trechos em egípcio demótico, copta, hebraico e aramaico
• Redescoberta moderna: Final do século XIX – início do XX, durante escavações e vendas de papiros antiquários no Egito
• Principal compilação: Papyri Graecae Magicae, editada por Karl Preisendanz (1928–1931), e mais tarde reorganizada e traduzida por Hans Dieter Betz (versão em inglês)


Estrutura dos PGM

O corpus dos PGM contém mais de 70 papiros mágicos (alguns fragmentários, outros quase completos), com diferentes temas, estilos e propósitos. A maioria dos papiros não tem título original — foram nomeados de forma acadêmica (ex: PGM I, PGM II, PGM III…) para fins de organização.

Eles abrangem uma ampla variedade de práticas mágicas, entre elas:


Categorias de Rituais e Fórmulas

1. Invocações e Teurgia
• Chamadas de deuses egípcios, gregos, planetários, anjos e daimones
• Fórmulas teúrgicas para comunhão com o divino
• Rituais de ascensão da alma e “revelações de poder” (revelações gnósticas e cósmicas)

2. Amor e Desejo
• Feitiços para atrair, seduzir ou dominar um amante
• Rituais de união sexual mágica (muitas vezes invocando entidades como Afrodite, Eros, Hécate ou até mesmo demônios)

3. Proteção e Cura
• Amuletos contra doenças, acidentes, espíritos malignos
• Invocações a deuses ou anjos para afastar influências negativas
• Uso de pedras, ervas e símbolos mágicos

4. Maldições e Feitiços de Dominação
• Defixiones (tabuinhas de maldição) para amarrar inimigos, atrapalhar adversários, calar rivais
• Feitiços para causar doença, impotência, confusão mental

5. Adivinhação e Necromancia
• Rituais para obter sonhos proféticos
• Evocação de mortos para revelações
• Uso de lâmpadas, espelhos e tigelas de água para scrying

6. Operações Planetárias e Astrológicas
• Invocações dos sete planetas clássicos com seus nomes secretos
• Criação de talismãs e operações astrais para riqueza, poder ou cura

7. Nomes de Poder e Fórmulas Vocálicas
• Nomes mágicos como IAO, ABRASAX, SETH, ADONAI, OSORONOPHRIS
• Códigos vocálicos prolongados: combinações de vogais para emitir vibrações mágicas (ex: aeeiouôouôeeiaa)
• Palavras bárbaras (nomes de origem desconhecida usados como sons de poder)


Cosmovisão e Filosofia dos PGM

Os papiros revelam uma cosmovisão sincrética:
• Gregos invocando deuses egípcios com nomes hebraicos
• Mistura de Hermetismo, Teurgia Neoplatônica, Astrologia Babilônica, Magia Egípcia, Cabala Antiga e Cristianismo Esotérico
• Forte influência gnóstica e platônica, com ênfase em libertação da alma e ascensão espiritual

Muitos rituais exigem:
• Purificação com água ou fogo
• Jejum e castidade
• Uso de instrumentos mágicos, como anéis, bastões, papiros com tinta mágica, pedras preciosas
• Transe induzido por entoação de sons, queima de incensos específicos e respiração rítmica


Exemplos Famosos

PGM I – Rito de Helios-Mithras

Um ritual extenso para entrar em contato com o deus Sol como forma de luz cósmica divina. Exige um altar, pedras especiais, hinos vocálicos e estados alterados de consciência. Possui passagens de grande beleza mística.

PGM VII – Feitiço de Amor

Usa um espelho de prata e o nome de Afrodite, junto com elementos pessoais da pessoa desejada. Inclui palavras de poder e um pequeno sacrifício simbólico (mel, vinho ou leite).

PGM IV.3007–86 – O Rito do Necromante

Invocação a um espírito dos mortos por meio de uma tigela de bronze, um espelho polido e um círculo mágico. O espírito é chamado a responder perguntas específicas, e deve ser libertado após a operação.


Importância Histórica

Os PGM são a mais rica fonte de rituais mágicos do mundo greco-romano. Antes de sua descoberta, conhecíamos apenas teorias filosóficas (como as de Plotino ou Agrippa) ou denúncias cristãs da magia. Os PGM nos mostram a magia real praticada por ocultistas antigos, com rituais completos, linguagem viva, pragmatismo e misticismo.

Foram influentes para:
• Magia renascentista (especialmente na formação do Hermetismo e da Teurgia)
• Sistemas modernos como Golden Dawn, Thelema, e Magia do Caos
• Magia contemporânea baseada em vibração, invocação e sincretismo religioso


Comparações com Outros Grimórios

Picatrix - Ambos trabalham com astrologia e magia planetária, mas o Picatrix é árabe e filosófico
Key of Solomon - Cerimonial e teúrgico como os PGM, mas mais estruturado e cristianizado
Corpus Hermeticum - Parte da mesma tradição sincrética egípcio-grega
Sefer Raziel - Contemporâneo em espírito: nomes divinos, alquimia, invocação
Liber Juratus - Compartilha objetivos teúrgicos: contato com inteligências superiores


Conclusão

Os Greek Magical Papyri são um tesouro inestimável da magia antiga, uma ponte direta entre a espiritualidade egípcia, o pensamento grego e o misticismo judaico-cristão primitivo. Eles representam um sistema mágico vivo, experimental, fluido e profundamente espiritual, que une cosmos, deuses, espíritos e o próprio magista em um mesmo ato ritual.

Ideal para:
• Estudiosos de magia antiga e clássica
• Ocultistas interessados em magia prática não cristianizada
• Praticantes de teurgia, hermetismo e gnose
• Pesquisadores de rituais autênticos da Antiguidade


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