Shi’ur Qomah

Shi’ur Qomah

Descrição

O Shi’ur Qomah (em hebraico: שיעור קומה), traduzido como “A Medida da Estatura” ou “A Proporção do Corpo [Divino]”, é um dos textos mais enigmáticos, controversos e místicos da tradição esotérica judaica. Ele pertence à literatura hekhalótica e merkavá, um conjunto de escritos que descrevem as visões dos palácios celestiais e da carruagem divina (merkavá), e que circulou entre os séculos II e VII da era comum, especialmente entre círculos místicos do judaísmo palestino e babilônico.

Diferente de outros textos cabalísticos que surgiriam muito mais tarde, o Shi’ur Qomah é pré-cabalístico, mas representa uma das raízes mais profundas da mística judaica, particularmente na forma como busca descrever Deus em termos humanos — algo radical e muitas vezes polêmico dentro da tradição monoteísta.


Origem e Tradição
• Nome completo: Shi’ur Qomah – “A Medida da Estatura”
• Tradição: Literatura mística judaica antiga (hekhalot / merkavá)
• Período de composição: Séculos III a VI EC (possivelmente com camadas anteriores)
• Idioma: Hebraico arcaico e midráshico
• Transmissão: Atribuído a Rabi Ismael e Rabi Akiva, mestres da era da Mishná

Apesar de circular em pequenos círculos esotéricos, o texto foi considerado altamente perigoso ou herético por muitos rabinos ao longo da história — alguns chegaram a proibir sua leitura — enquanto outros o defendiam como uma revelação sublime do mistério divino.


Conteúdo Geral

O Shi’ur Qomah é uma descrição detalhada das proporções físicas de Deus, apresentada em termos surpreendentemente corpóreos, com medidas de cada parte do corpo divino — da cabeça aos pés, passando por olhos, ouvidos, dedos, coração, etc.

Mas essas “medidas” são absolutamente simbólicas, expressas em unidades cósmicas incompreensíveis, como:
• Ribbo (רבוא) – 10.000
• Parsaot (פרסאות) – milhas místicas
• Milhões de anos-luz ou reinos celestiais
• Palavras e nomes sagrados associados a cada parte do “corpo”

Estrutura Simbólica

Cada parte do corpo divino é acompanhada por:
1. Sua medida (em unidades místicas)
2. O nome secreto que corresponde àquela parte
3. O louvor ou bênção que os anjos recitam a essa parte
4. Função mística daquela parte no cosmo e na Criação

Exemplo (parafraseado):

“A largura da testa do Santo, Bendito Seja, é 236 mil ‘parsaot’. O nome pelo qual ela é conhecida é… [nome inefável]. E os anjos que a contemplam cantam: ‘Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos…’.”

Interpretação Mística

O Shi’ur Qomah apresenta uma antropomorfização extrema de Deus, mas não deve ser lido literalmente. Seu objetivo é provocar êxtase místico e contemplação extática, não ensinar biologia divina.

Interpretações possíveis:
• Visão simbólica: Cada parte do “corpo” representa um aspecto da realidade cósmica, e seu nome é uma chave espiritual.
• Instrumento devocional: Recitar esses nomes e visualizações leva o praticante à conexão profunda com o Divino.
• Criação de mapas espirituais: Serve como uma espécie de mandala judaica, para meditação sobre a estrutura do universo e do ser divino.

Relação com Outras Tradições

Tradição Similaridade com o Shi’ur Qomah
Cabala Luriânica A ideia do corpo divino aparece nos Partzufim e na Árvore das Sefirot
Hermetismo / Gnosticismo Uso de nomes sagrados como portais para os mundos superiores
Tantrismo Hindu Representação do corpo divino como instrumento de meditação
Cristianismo Místico Ecoa a ideia do “Corpo de Cristo” como expressão cósmica e espiritual



Influência e Recepção

Apesar de sua obscuridade, o Shi’ur Qomah influenciou:
• Cabala medieval: onde os nomes de Deus e a contemplação das sefirot refletem práticas semelhantes
• Literatura merkavá posterior, como Heikhalot Rabbati e Ma’aseh Merkavá
• A magia judaica dos nomes secretos, usada por ba’alei shem (mestres do Nome)
• Escritos cristãos esotéricos, que ecoam a ideia do corpo divino como matriz do cosmos

Muitos místicos — judeus e não judeus — consideram o texto como um exemplo extremo da experiência visionária direta com a presença divina.


Controvérsias e Censuras
• Racionalistas judeus medievais, como Maimônides, rejeitavam o texto como heresia antropomórfica.
• Cristãos e muçulmanos viram o texto como herético por apresentar um “Deus com corpo”.
• Alguns manuscritos foram ocultados ou modificados ao longo do tempo para evitar perseguições.

No entanto, cabalistas como o Rabi Moshe Cordovero e estudiosos contemporâneos vêm o texto como profundamente simbólico e místico, não literal.


Conclusão

O Shi’ur Qomah é uma das jóias ocultas da mística judaica primitiva, oferecendo uma visão extática do divino que rompe com os limites da razão. Ele convida o leitor à contemplação do mistério absoluto, através de nomes sagrados, proporções cósmicas e visões angélicas, funcionando como uma escada para o trono de Deus.

Ideal para:
• Estudantes de mística judaica antiga
• Pesquisadores da literatura merkavá
• Ocultistas que trabalham com nomes divinos e visualizações sagradas
• Místicos interessados na experiência visionária direta com o Divino

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