Sword of Moses
O Sword of Moses (Harba de-Moshe ou חרבא דמשה em aramaico) é um dos grimórios mais antigos e notáveis da tradição mágica judaica, provavelmente datado entre os séculos III e VII da era comum, embora o manuscrito mais famoso que o contém seja medieval. Trata-se de um livro de encantamentos, conjurações e nomes mágicos atribuído misticamente ao profeta Moisés, que teria recebido esse conhecimento direto de Deus e dos anjos.
Apesar do título simbólico — “Espada de Moisés” — não se trata de uma arma literal, mas sim de uma espada de palavras, ou seja, de fórmulas verbais sagradas que operam milagres e ações mágicas. A obra combina elementos da magia judaica da Antiguidade Tardia, angelologia cabalística primitiva, e práticas que seriam posteriormente sistematizadas em grimórios como o Sefer Raziel e o Maphteah Shelomoh.
Origem e Tradição
• Nome original: Harba de-Moshe (חרבא דמשה)
• Título latino/inglês: Sword of Moses
• Idioma original: Aramaico (alguns trechos em hebraico)
• Data aproximada: Séculos III–VII EC (com base em tradições mais antigas)
• Fonte principal: Manuscrito em hebraico/aramaico do século XIII, encontrado na Biblioteca Nacional da Áustria
• Relação com a tradição: Faz parte do corpus da magia judaica pré-cabalística, junto com o Sefer HaRazim e o Heikhalot Rabbati
A obra foi traduzida e editada no século XIX por Moses Gaster, o que a tornou mais conhecida no mundo ocidental, especialmente entre estudiosos da Cabala e do ocultismo.
Conteúdo do Grimório
O Sword of Moses é estruturado em duas grandes seções:
1. Prefácio e Instruções de Uso
• Descreve a necessidade de pureza ritual e espiritual, incluindo:
• Jejum de 40 dias
• Banhos rituais (mikveh) diários
• Abstinência sexual
• Recitação contínua de salmos e orações
• O praticante deve estar em estado de santidade, pois as palavras sagradas só operam se houver pureza interior
• O livro afirma que quem usar as palavras incorretamente perderá o uso da fala, ficará cego ou será consumido por fogo
2. A Espada: Lista de Nomes Mágicos e Suas Funções
• Conjunto de mais de 1.800 nomes sagrados e fórmulas mágicas, atribuídos a anjos, aspectos de Deus, e potências celestiais
• Cada conjunto de palavras é usado para fins específicos, como:
Finalidade e Forma de uso
Curar doenças - Recitar os nomes sobre água e dar ao doente
Acalmar tempestades ou controlar o clima - Recitar olhando para o céu
Expulsar demônios ou obsessores espirituais - Nome escrito em pergaminho e colocado no corpo
Obter favores de reis ou juízes - Nome recitado ao amanhecer com oferendas
Tornar-se invisível - Recitar em jejum e andar em silêncio
Ter visões espirituais - Usar durante o sono ou em oração noturna
Abrir prisões e portas - Recitar diante de obstáculos físicos
Cada feitiço é seguido por uma sequência de palavras incompreensíveis ao olhar profano, mas que, para o praticante treinado, são nomes codificados de entidades celestes, compostos por técnicas de permutação e cabala prática (como notarikon e temurah).
Práticas Ritualísticas
• Os encantamentos devem ser feitos em locais sagrados ou isolados, geralmente voltados para o leste
• Devem ser usados materiais puros, como:
• Tinta especial com ingredientes sagrados
• Papel virgem ou pergaminho de animal kosher
• Água corrente (para lavagem)
• Alguns rituais exigem a invocação de anjos específicos, com nomes retirados da Shema ou das visões proféticas de Ezequiel
Angelologia e Nomes Divinos
O livro é repleto de nomes angélicos e divinos usados como “espadas espirituais”, por exemplo:
• Yah, Adonai, Ehyeh, El Shaddai
• Anjos como Michael, Gabriel, Raphael, Uzziel, Anael, Metatron
• Nomes híbridos como:
• Zarashiel, Yazdiel, Qazchadriel
• Muitos nomes são únicos, provavelmente criados por combinação de letras e sons sagrados
Interpretação Esotérica
A Sword of Moses é ao mesmo tempo:
1. Um grimório prático de feitiços com estrutura definida e ritualística complexa;
2. Um tratado teúrgico que aproxima o magista de potências celestiais por meio da linguagem sagrada;
3. Um instrumento místico, em que a própria linguagem é o corpo da magia — refletindo a crença judaica no poder criador das palavras divinas.
A obra representa um momento crucial em que a tradição mágica judaica dialoga com a literatura apocalíptica, com a prática sacerdotal do Templo, e com a sabedoria dos anjos.
Comparações com Outros Grimórios
Grimório Relação com o Sword of Moses
Sefer HaRazim Contemporâneo e semelhante em angelologia e estrutura de rituais
Sepher Shimmush Tehillim Ambos usam palavras sagradas e versículos como encantamentos
Sefer Raziel HaMalakh Posterior, mas herda a prática dos nomes mágicos do Sword
Clavícula de Salomão Compartilha estrutura mágica, mas com teologia mais cristã e salomônica
Greek Magical Papyri Semelhante no uso de nomes divinos e fórmulas mágicas híbridas
Conclusão
O Sword of Moses é um grimório ancestral que preserva o coração da magia judaica teúrgica e prática, com suas raízes na tradição sacerdotal, nas visões proféticas, nos anjos e na linguagem sagrada. Sua “espada” não corta carne, mas abre portas celestes, fere espíritos malignos e rasga o véu da ignorância com o fio das palavras divinas.
Ideal para:
• Estudiosos da magia judaica antiga
• Praticantes da Cabala prática e angelologia
• Ocultistas que trabalham com magia verbal, linguística e nomes sagrados
• Pesquisadores da literatura aramaica e esotérica do judaísmo pós-templo
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